Diversifique seu portfolio a favor da rentabilidade no longo prazo

Nos últimos anos, o investimento em Renda Fixa foi sempre justificado pelo alto preço exigido pelo mercado para emprestar dinheiro para o Governo cobrir suas contas e dar continuidade à política monetária do país. Retornos altos, sempre na casa de dois dígitos, e com um risco bastante reduzido, ditavam o resultado de um portfólio de renda fixa com títulos públicos pós-fixados, pré-fixados ou atrelados à inflação. Aparentemente, esses tempos ficaram para trás. Quem aproveitou ganhou dinheiro correndo um risco bastante baixo. Agora a tendência é de que o investidor tenha que equilibrar mais seu portfólio, buscar rentabilidade em outras classes de ativos e assumir um mais de risco para sua carteira de ativos.

 

O cenário econômico para os próximos anos projeta um patamar de juros abaixo dos dois dígitos, e isso se explica pelo momento que a economia brasileira vem passando. Esse jogo começou a virar após o impeachment da Presidente Dilma Roussef. Antes deste acontecimento, a economia brasileira passou, por dois anos consecutivos, pela sua pior recessão da era Republicana. Com aumento de gastos, inflação em crescimento, juros em patamares elevados e a falta de uma agenda de reformas que visavam alterar a estrutura dos gastos públicos e o ganho de produtividade, o Brasil seguia em uma direção de insolvência fiscal. Com os acontecimentos políticos que resultaram no impeachment da Presidente Dilma e na instauração do governo de Michel Temer, que visa o ajuste fiscal das contas do governo com a PEC do teto de gastos, a Reforma Trabalhista e a principal reforma, a da Previdência, a maré da economia brasileira começou a mudar.

 

A inflação, que já vinha caindo, dado a dificuldade das empresas de elevarem os preços num cenário onde os consumidores estão dispostos a trocar suas cestas de produtos por outros mais baratos, efetivamente surpreendeu para baixo. Os juros da economia vêm caindo com o objetivo de aquecer a demanda do país, iniciando uma retomada de crescimento sustentável. A economia brasileira, ainda muito frágil, começa a apresentar sinais de retomada e aparentemente está no rumo certo, precisando de alguém no volante e um aumento de velocidade. O combustível para isso seriam as reformas, principalmente a da previdência. Como falamos anteriormente, a trajetória da taxa de juros é de queda, mas o mais importante é a sua manutenção em patamares baixos.

 

Um ambiente econômico de juros baixos exige uma revisão das estratégias que compõem o portfólio dos investidores. As perspectivas macroeconômicas e a trajetória atual da política monetária brasileira têm demandado o realinhamento de estratégias de negócios em diversos setores da economia. Os multimercados são os fundos com maior procura em um ambiente de juros baixos, isso porque os gestores desses fundos podem transitar por quase todos os ativos, de títulos públicos e privados a ações e ativos no exterior. Esses gestores também conseguem montar e desmontar estratégias com mais agilidade, minimizando sua perda em momentos de turbulência do mercado financeiro. Outros ativos que podem ter uma participação maior no portfólio, em detrimento do retorno baixo que a renda fixa terá, são as ações. Em um ambiente de crescimento, ajuste fiscal, juros baixos, a tendência é de que as empresas aumentem suas vendas, reduzam seus custos financeiros e invistam mais ao longo do tempo, o que tem reflexo no resultado das empresas e, consequentemente, na valorização de suas ações. Portanto, uma estratégia de aumento gradativo da posição de renda variável é importante para a busca de rentabilidade futura. É importante também dentro da renda variável diversificar entre as estratégias: fundos valor de dividendos e de smallcaps são estratégias complementares que diminuem o risco dessa classe de ativos. Investimento no exterior também é uma estratégia que pode agregar valor para um portfólio. O mundo continua crescendo, sem grandes riscos, portanto diversificar um pouco o risco Brasil com outros países é interessante.

 

Logicamente que a adição de novas estratégias e novas classes de ativos deve vir acompanhada da percepção de risco que isso trará ao seu portfólio. No mercado financeiro não existe ”almoço grátis”. Para obter uma rentabilidade maior é preciso adicionar risco a sua carteira, porém é possível fazer isso de uma forma em que sua relação risco X retorno não pule para patamares fora da condição de cada investidor. A diversificação do seu portfólio acaba por minimizar o risco global da sua carteira e joga a favor na busca por rentabilidade no longo prazo.

Rodrigo Rodrigues

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